O MONJOLO

Era interessante para nós crianças vermos o monjolo trabalhando, por aqui falávamos munjólo. Mamãe ficava preocupada quando sumíamos, pensava logo no monjolo, tinha certeza que estávamos lá, fuçando, mexendo aonde não era da conta. E estávamos mesmo, colocávamos de tudo dentro do pilão para vermos socar, depois era o maior trabalhão tirar tudo de lá, de medo do meu avô a quem chamávamos de Pai Ike.
E toda noite, no encontro da família, as histórias de assombração no monjolo eram contadas, me arrepio até hoje de me lembrar...mas na hora que o sol saía, não tínhamos medo de nada, lá estávamos fazendo nossas traquinagens
Hoje pensando bem, vejo que a preocupação tinha realmente sentido, ao tirarmos do pilão as coisas que lá colocávamos era muito perigoso sermos atingidos pelo monjolo....já pensou? que perigo?...e o buraco onde a água caía, é chamado por aqui de inferno, era bem fundo...e quantas vezes brincávamos no rêgo d'água que levava à bica do monjolo...
É pena que tudo tenha se acabado, talvez meus netos nem venham a conhecer um monjolo.Por aqui mesmo, existem pouquíssimos, raros mesmo.
Tenho saudade do barulho da água caindo, do  som do monjolo socando, saudade de abanar o café depois de socado e limpo. São coisas que não voltam mais, acho que nem existe mais quem faça um monjolo, todo lavrado na madeira.
Fica aqui a primeira saudade do ano... um monjolo

Era assim o nosso monjolo, só que o pilão era  bem enterrado no chão, tirávamos o café,e tudo o mais que colocávamos ali,  com um velho prato de ágata

Infelizmente isto é o que restou do nosso monjolo

A bica ainda está lá...

E talvez o pilão esteja debaixo destas telhas todas...

Mais um pouco de tempo, e já não existirá mais nada, só a saudade...que pena!

beijinhos

Tina