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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

JANELAS DA MEMÓRIA

                                         agora é só um quadro na parede

O sol entrava por um buraquinho na grande janela e clareava o quarto, estava na hora de levantar.
Lavávamos o rosto  na cozinha, a bacia  esmaltada encima de uma cadeira, o sabonete em uma latinha, e a toalha branquinha pendurada na cadeira, a água quentinha era colocada por minha avó tão logo chegávamos à cozinha, e a canequinha com água esperava na janela para escovarmos os dentes.
Depois o café com leite e as quitandas saborosas feitas no forno de barro.
Agora o trabalho era abrir todas as 14 janelas , colocar os travesseiros no sol, , esvaziar os urinóis, limpar os quartos, ali tinhamos pequenas penteadeiras, umas mais elaboradas com espelho móvel e torneadas, outras bem simples, feita por modestos marceneiros da região, ali embaixo depois de lavados  guardávamos os urinóis (pinicos) que eram usados à noite, eram esmaltados, uns pequenos, outros maiores, pintados com flores, ou não.
O chão de tábuas largas era varrido, e só de vez enquando  lavado, meu avô não gostava que jogasse água, dizia que apodrecia os barrotes de madeira que sustentavam a casa de pau-a-pique.
Na sala, cadeiras e uma mesinha com flores. Na varanda ( sala de jantar) , a grande mesa com cadeiras, o guarda-louças, a máquina de costura, uma cantoneira com o filtro de barro, e  em uma prateleira forrada com paninho bordado, uma das preciosidades , o rádio, e logo acima na parede, o relógio carrilhão alemão Westminster.
A cozinha grande, uma enorme mesa com bancos do mesmo tamanho, o fogão que não se apagava, armários guarda-comidas, prateleiras, a mesinha com o pote de barro.
A casa estava sempre aberta a quem quer que chegasse, fosse um ilustre fazendeiro das redondezas, como a um andarilho errante. Sempre tinha um prato de comida, uma xícara de café com quitandas.
É a casa mais linda, e mais rica que vejo pelas janelas de minha memória. Um lar simples, com pessoas modestas, mas abundante  de carinho, de amor e respeito.
É dali que me vem à memória  sons e cheiros que me enternecem, o galo cantando, a vaca mugindo, o monjolo socando, o balde subindo cheio d'agua do poço e a corda gritando no sarrilho, as palhas de pinheiro crepitando no fogão...e o cheirinho do café coado, do frango afogado com alho e colorau.,o bolo de fubá saindo do forno...
Lembranças de uma infancia distante que teima voltar em minha mente, e me faz doer o coração de saudade,de um tempo que não volta, mas que deixou marcas felizes e profundas, que não se apagará jamais.


                                    Tina
 




18 comentários:

  1. Tina,

    Que tempo maravilhoso!
    E que bom sentir saudades de uma infância tão bem vivida!
    De tudo que vc descreveu, me lembrei do meu pinico!rsrrsrssrs
    Tinha um que ficava debaixo da cama, esmaltado!
    Nasci na cidade e cresci em apartamento!
    Agora, depois que entrei nos enta, vou viver minha infância!!!

    bjs querida!!!!

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  2. Haaa minha linda...vou ler e reler este post porque e lindo demais...lindo.
    Deusa
    vasinhos coloridos

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  3. Oi, Tina
    Sò pra te desejar um bom dia
    Abraçosss

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  4. ETtina,nois era feliz e nao sabia...hihi.A deusa leu meu pensamento...agora fiquei com mais saudades ainda...bju.Luciene

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  5. Ah,meu marido leu seu recada e riu muito...bju.

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  6. Nossa! Hoje você arrasou com esse texto. Graças a Deus nossas lembranças são as melhores possíveis.Abraços amiga!

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  7. Que delícia é ler essas histórias antigas, cheias de bons momentos e muita saudade !
    Adorei o texto, Tina !

    Beijo

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  8. Querida Tina quero te agradecer pelas palavras de carinho que deixastes em meu blog, estou vivendo um sonho...
    Seu texto é tão gostoso que a gente não se satisfaz lendo uma vez só... São doces lembranças que também nos recordam lindos momentos passados.
    Um grande abraço!

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  9. TINA, QUE LINDA HISTÓRIA! EU REALMENTE AMO HISTÓRIAS VIVIDAS REAIS E LEMBRADAS COM TANTAS SAUDADES E CARINHO! AMEI VIU!
    EU TEMBÉM LEMBRO, DAS TOALHAS BORDADAS,QUALQUER PEÇA, MÓVEL, TINHA UM CROCHÊ, UM PANINHO BORDADO, EXATAMENTE COMO VC RELATOU,PASSAMOS POR UM TEMPO, ONDE OS GRANDES DECORADORES FALAVAM QUE CROCHÊ, ERA CAFONA, EU FICAVA IRRITADA ,PQ PENSAVA COMO UM TRABLAHO MANUAL FEITO COM AS PRÓPRIAS MÃOS, CARINHO, QUE CONTA A HISTÓRIA DE UM TEMPO, PODE SER "CAFONA"EU NUNCA LIGUEI PRA TENDÊNCIAS, EU ME IMPORTO E ADMIRO COM AS HISTÓRIAS VIVIDAS, AS BOAS LEMBRANÇAS DE UMA ÉPOCA,E HISTÓRIAS COMO A SUA REFORÇAM AINDA MAIS MINHA PAIXÃO PELOS TRABALHOS MANUAIS, PELO JEITO SIMPLES DE SE VIVER, MAS COM UMA IMENSA QUALIDADE DE VIDA DE SENTIMENTOS E EMOÇÕES!OBRIGADA POR PASSAR PRA NÓS HIST´RIAS TÃO LINDAS E MARCANTES! BJOSSSSSS E ÓTIMA FINAL DE SEMANA! DESCULPR APOR DEMORAR A RESPONDER MAS COMO DISSE AS MINHAS AMIGAS BLOGUEIRAS, ESTOU COM A CSA CHEIA! BJOSSSSSSSSSSSS

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  10. TINA PERDOE, MEUS ERROS DE DIGITAÇÃO, É A PRESSA! BEIJOSSSSSS

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  11. Nossa... Por um instante eu fui transportada para um passado lindo. A descrição está tão bonita que parece um livro de romance... Bjs

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  12. Olá, Tina!
    Que lindo texto!
    Sua memória é exuberante!
    Era copo se eu estivesse lendo um livro.
    Olha você daria uma excelente escritora!
    Só as sua memórias e a maneira de contar, dava um livro.
    Já pensou nisso?
    Saudações do primaveril

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  13. é tina como vc tambem guardo lembranças da minha vó fazendo broinhas no forno de cupim, do meu pai moendo cana na engenhoca de madeira, meu avô fazendo colher de pau, pilão de café e alho,minha mãe fazendo tutu com franguinho frito pra eu comer depois que me dava purgante,era horrivél aquele purgante de óleo de rícino,mais a lembrança daqueles tempos faz nosso peito doer viva nossos antepassados que deixou para nós uma uma doce lembrança e certeza de quanto éramos felizes ao seu lado .beijos

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  14. Q lindo, fiquei me imaginando nessa casa...

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  15. Amei toda sua descrição, e até me veio lágimas nos olhos de sentir tanta saudade de tudo que vc falou. Você falou as palavras de um poeta ... você viveu essa vida de poesia e eu queria viver essa vida, agora, neste momento de muito estresse e modernidade. Obrigada por postar suas memórias... !!

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  16. Tina, após ler o seu texto e ver as imagens ,chorei de emoção.Amo a natureza.As coisas simples me tocam o coração.É tão fácil ser feliz. Pena que muitos ainda não conseguem vizualizar,compreender,izufruir e amar a beleza da natureza que ´é oferecida a todos nos de graça.

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  17. Tina, após a leitura do seu texto fico pensando como serão as memórias das crianças desta era tecnológica. Como serão as historias deles? Será que algum deles acreditarão que um dia foi possível ser tão feliz sem internet, facebook, whatsAp, Instagran...
    Que os meninos brincavam de carrinho de madeira feitos pelo pai ou avô, que pulavam nos rios e córregos, dando cambalhotas incríveis, subiam em arvores e ficavam pendurados nelas balaçando... as meninas brincavam de bonecas, casinhas, fazer comidinhas... eram tantas as brincadeiras. Eram tantas oportunidades de diversão, independente de condição financeira, luxo...
    E após tantas travessuras e diversões comer os bolinhos que a avó preparava, tomar caldo de cana, comer milho cozido, frutas direto do pé...

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fico muito feliz com seu comentário
Obrigada por participar